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domingo, 19 de janeiro de 2025

COLUNA DO RICARDO VIVEIROS




A DEMOCRACIA DEPENDE DA VERDADE


Depois das eleições municipais de 2024, foi dada a largada para as

presidenciais em 2026. E o Brasil debate um tema cada vez mais relevante:

fake news. Pesquisa do Instituto DataSenado revela que 81% dos brasileiros

acreditam que as notícias falsas podem influenciar significativamente os

resultados eleitorais. Tal dado relevante destaca a urgência de aprofundarmos

o debate sobre desinformação e suas consequências para a democracia.

De acordo com o mesmo levantamento, 72% dos entrevistados relataram ter

encontrado notícias falsas nas redes sociais nos últimos seis meses que

antecederam as eleições do ano passado. Essa realidade levanta

preocupações sobre a integridade do processo eleitoral, uma vez que a

disseminação de informações enganosas pode distorcer a percepção pública e

manipular a opinião dos eleitores. A produção de fake news é prática

desonesta, que adultera informações e busca mudar a verdade. Tem crescido

com o mal uso da inteligência artificial, porque a burrice natural segue sendo

uma triste realidade.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, que

investiga a propagação de desinformação nas redes sociais, foi criada no

parlamento federal para enfrentar esse desafio. No entanto, suas atividades

foram suspensas durante a pandemia, e seu futuro permanece incerto. A

necessidade de um combate mais rigoroso às fake news, com um olhar

especial para 2026, poderá evitar um impacto perigoso sobre os resultados das

urnas.

A pesquisa “Panorama Político” do DataSenado, realizada entre junho de 2024,

entrevistou mais de 21 mil brasileiros de todos os estados e revelou que 72%

dos usuários de redes sociais desconfiam de notícias que encontram online.

Esse sentimento é um reflexo da dificuldade em identificar informações falsas,

com 50% dos entrevistados considerando difícil a tarefa. A polarização política

também desempenha um papel importante, com 29% dos brasileiros se

identificando como de direita, 15% de esquerda e 11% de centro. Enquanto

40% não se alinham a nenhuma corrente política – fato que preocupa pois

mostra a perigosa desesperança dos eleitores com a política. Cinco por cento

sequer responderam.


A responsabilidade das plataformas de redes sociais na disseminação de fake

news é outro ponto crucial. A pesquisa indica que 81% da população acredita

que essas empresas devem ser responsabilizadas ao não impedir a

propagação de informações falsas. Isso sugere um apoio crescente na

implementação de filtros e políticas de moderação mais rigorosos. Mas, o que

temos observado na prática é o contrário, como na decisão do executivo do

Grupo Meta, que controla Facebook, Instagram e WhatsApp, o americano Mark

Zuckerberg, anunciando o fim da checagem de fatos em suas plataformas.Ele

usa a questionável justificativa de que há erros nos mecanismos de checagem,

gerando censura. E visando apenas lucro, esquece que liberdade de expressão

exige responsabilidade de expressão.

Por fim, a pesquisa do DataSenado revela que um terço dos brasileiros está

insatisfeito com a democracia, embora 66% ainda acreditem que é a melhor

forma de governo. Esse desagrado pode ser exacerbado pela desinformação,

que mina a confiança nas instituições democráticas. É fundamental fortalecê-

las e garantir que o processo eleitoral seja transparente e justo. Que mentiras

não contaminem os eleitores, ludibriando os fatos com falsas versões.

Para identificar fake news, deve-se observar: títulos exagerados; erros de

ortografia em gramática; mensagens que incentivam o compartilhamento

rápido; e a falta de fontes confiáveis – estes são alguns dos indícios de que a

informação pode ser enganosa. A conscientização sobre como reconhecer fake

news é uma ferramenta essencial para proteger a democracia e garantir que os

eleitores façam escolhas conscientes e baseadas na realidade.

O combate às fake news é uma questão urgente que requer a participação de

todos os setores da sociedade. À medida que nos aproximamos das eleições

de 2026, é vital que os cidadãos estejam cientes dos riscos da desinformação e

que as instituições trabalhem para garantir um ambiente eleitoral correto e

transparente. A manutenção do estado democrático de direito, das liberdades

constitucionais e da justiça social são nosso valioso patrimônio.

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