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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

VIVA A BAIANIDADE!




Estou convencido de que o baiano não é preguiçoso. Essa história é pura

maldade, inveja e o pior: racismo, preconceito, discriminação. O baiano é

trabalhador!

Dorival Caymmi tem parte da culpa na falsa ideia de que o baiano é

preguiçoso. Inteligente que era, atributo comum aos filhos da Bahia como a

cultura brasileira comprova, o compositor e cantor chegou ao Rio de Janeiro no

final dos anos 1920 e enfrentou o preconceito enraizado contra pretos e

indígenas. Afinal, os explorados pelos colonizadores demonstravam nos rostos

e corpos sofridos a resistência ao tratamento desumano que recebiam.

Caymmi fez do limão a limonada e tirou proveito da suposta “preguiça do

baiano”. Nas suas letras tornou-a inspirada poesia, e cresceu em cima dos que

atacavam os baianos mostrando que não era indolente, e sim oriundo de uma

terra na qual tudo é divino, maravilhoso.

Ruben Braga, um dos maiores cronistas deste País, dizia que o baiano atuava

em três tempos: “Devagar, muito devagar e Dorival Caymmi”. A rigor, a piada

deixava claro que a tranquilidade era indispensável à criação, nada de pressa

que é inimiga da perfeição. Dizem que “João Valentão”, um dos maiores

sucessos de Caymmi, demorou nove anos para ser lançada; que “Saudade da

Bahia”, então, levou 12 anos. Mas, ficaram tão boas! Tanto quanto

“Maricotinha”, mais uma astuta demonstração de baianidade. Observem: “...se

fizer bom tempo amanhã, eu vou. Mas se por acaso chover, não vou. Uma

chuvinha, redinha, aí, piorou: não vou, nem tô”.

Diante do calor, da proximidade do mar, dos minérios da terra e outros fatores

de todos os tipos, incluindo os religiosos e esotéricos, tudo leva a crer que a

aparente lentidão é um reflexo científico e extrassensorial, não defeito de

caráter. Até porque o próprio Caymmi fez questão de mostrar que baiano é

trabalhador. Em “Canção da Partida” está claro: “Minha jangada vai sair pro

mar... Vou trabalhar…”. Já em “Sábado em Copacabana”, outro grande hit de

Caymmi, está implícito que depois de trabalhar é merecido descansar.

 

Passei uma semana na Bahia, na Praia do Forte. Dormi bem, sonhei muito e

lembrei dos sonhos (todos bons), comi e bebi como um rei, li um livro,

conversei, ouvi música, senti a brisa do mar no balanço da rede sob um

coqueiro, refleti bastante e até reencontrei Carlinhos Brown (que eu não via faz

tempo). Enfim.

Estou determinado a me tornar um baiano e ser mais feliz. Disse isso ao meu

querido amigo Sergio Amado, soteropolitano e um dos grandes nomes da

história da publicidade, no que ele – sem preguiça – de pronto me respondeu:

“Você já é baiano. Está feito.”


Aliás, deveria haver um incentivo do INSS para, quando da aposentadoria,

qualquer um pudesse se tornar baiano para a eternidade. Com certeza

diminuiria a quantidade de problemas de saúde a serem atendidos pelo

sistema público de saúde.

Descobri que o grande lance da felicidade é ser

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